domingo, 19 de junho de 2016

Escola de Vidro



É preciso mudar? O que é preciso mudar? Por quê? Como evitar a escola de vidro?

Assistindo ao vídeo “A escola de vidro”, pude perceber que o fato de muitos professores simplesmente transmitirem o conteúdo aos alunos, sem se importar com o rendimento de cada um, é exatamente isso, querer colocá-los dentro de um pote de vidro, sem se preocupar se lá dentro existe o mínimo de conforto, e se aquela situação é agradável.
Na minha época de escola, uma das matérias que mais gostava era a de educação física, e muitos colegas compartilhavam da mesma preferência, e até então, não entendia o porque. Em um trecho do livro de Ruth Rocha, ela diz assim: “A gente só podia respirar direito na hora do recreio ou na aula de educação física. Mas aí a gente já estava desesperado de tanto ficar preso e começava a correr, a gritar, a bater uns nos outros.” Depois dessa leitura, entendi que a aula de educação física era vista como um escape, como se estivéssemos saindo do vidro por um instante, e tivéssemos a oportunidade de sermos livres, sem ter um professor para simplesmente nos empurrar o conteúdo.
Infelizmente, sabemos que essa ainda é a realidade em muitas salas de aula, pois ainda existem professores que não conseguem, ou até mesmo não querem ter uma maior interação com os alunos, e possuem a percepção que a escola foi feita somente para ensinar aquela determinada matéria, e sendo assim, eles devem atuar como transmissores de informação e conhecimento, e os alunos estão ali como meros depósitos. Diante desse cenário, percebemos que muitos alunos são colocados de fato, dentro de um pote de vidro, no qual não participam das aulas, não interagem com os demais colegas, e como consequência, vão se tornando crianças oprimidas, que não aproveitam tudo o que o ambiente escolar pode e deve proporcionar.
Essa forma engessada de ensinar precisa deixar de existir. Os professores precisam deixar de usar apenas o quadro e o pincel como ferramentas de trabalho. A tecnologia está aí para ser usada, e as escolas deveriam usá-la como um caminho para deixar as aulas mais atrativas, a tal ponto que os alunos sintam a vontade de se envolver com o conteúdo, pesquisar e querer saber mais. Esse rótulo de que a escola é chata precisa ser desfeito por todas as pessoas que compõem o espaço escolar. Como já discutimos anteriormente, a escola não é chata, o que a torna chata aos olhos de muitos estudantes, é o fato das matérias serem ensinadas de uma forma obrigatória, onde os alunos “aprendem” simplesmente por precisarem passar de ano e não por terem interesse no conteúdo.
A escola de vidro pode sim ser evitada, mas para isso, é necessário que esses vidros, que moldam as crianças do jeito que a escola julga como correto sejam quebrados. Cada criança é única, diferente da outra, e possui o seu tempo de aprendizado, e todas essas características devem ser respeitadas.
O texto de Rubem Alves que a colega Michele Aragão nos trouxe, fala que a essência dos pássaros é o voo. Não tem como pensar em um pássaro, sem lembrar da sua principal característica, que é justamente voar, sendo assim, a essência da escola é a criança, pois não podemos pensar em um ambiente escolar, sem nos lembrar de crianças, mas digo crianças no sentido real da palavra, crianças que brincam, e que encontram na escola, o devido apoio para desenvolver as suas potencialidades.

Lídia Dantas.

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