De acordo com a CID
10 – F.91.3 (Classificação Internacional de Doenças), o TOD – Transtorno
Desafiador Opositivo é um “tipo de transtorno de conduta que ocorre
habitualmente em crianças jovens, caracterizado essencialmente por um
comportamento provocador, desobediente ou perturbador, e não acompanhado de
comportamentos delituosos ou de condutas agressivas ou dissociais graves”.
Manifesta-se na
infância antes dos 8 anos de idade, e pode agravar-se na adolescência.
Geralmente inicia-se no ambiente doméstico e estende-se para outros ambientes e
situações.
A prevalência é de 2
a 16% da população em idade escolar, sendo mais comum em meninos do que
meninas.
Não existe uma causa
específica para este transtorno, mas acredita-se que fatores genéticos
associados a desencadeadores domésticos podem estar associados. O TOD é mais
comum em filhos de pais que apresentam transtornos de conduta, humor,
personalidade antissocial ou uso abusivo de drogas, e também nos casos de
separação dos pais e alienação parental, quando a criança vivencia situações e
experiências negativas.
É comum entre os 2 e
3 anos de idade a criança apresentar um comportamento desafiador e opositor,
principalmente quando está com fome, cansada, estressada ou chateada. Estes
sintomas tendem a diminuir e desaparecer com o passar do tempo, o que não
acontece nas crianças que apresentam o transtorno. Por isso, o diagnóstico de TOD
deve ser bastante criterioso, uma vez há um padrão recorrente de comportamento
opositor, desafiador, negativista, desobediente e extremamente hostil, que é
caracterizado por teimosia exagerada, resistência a cumprir com as regras e
combinados, além de incomodar e perturbar as pessoas deliberadamente. Para uma
hipótese de TOD, os sintomas citados acima devem persistir por pelo menos 6
meses, e causar prejuízo social e acadêmico significativo, além de destoar do
comportamento observado em outras crianças da mesma idade e nível de
desenvolvimento.
Muitas vezes o TOD
ocorre em comorbidade com outros transtornos, incluindo transtornos de humor,
ansiedade, conduta e déficit de atenção/hiperatividade, aumentando a
necessidade do diagnóstico precoce e intervenção, para desenvolver ações
preventivas junto à criança, família e educadores.
Um diagnóstico de
TOD somente será possível no caso de deficiência intelectual, quando o
comportamento opositor for maior do que o observado em crianças da mesma idade,
gênero e grau de deficiência, bem como nas perdas auditivas ou transtorno de
linguagem, quando há dificuldade em atender comandos devido a prejuízos
causados por estes quadros.
A intervenção e
tratamento precoce do TOD são fundamentais para melhorar o comportamento e a
qualidade de vida da criança com este transtorno, além de prevenir que evolua
para um Transtorno de Conduta.
Para o diagnóstico
de TOD, pelo menos quatro das características abaixo deverão estar presentes:
1) Frequentemente
perde a paciência;
2) Frequentemente discute com adultos;
3) Frequentemente desafia ou se recusa ativamente a obedecer às solicitações ou
regras dos adultos;
4) Frequentemente perturba as pessoas de forma deliberada;
5) Frequentemente responsabiliza os outros por seus erros ou mau comportamento;
6) Frequentemente se aborrece sem motivos;
7) Frequentemente mostra-se enraivecido e ressentido;
8) Frequentemente é rancoroso ou vingativo.
O tratamento pode
incluir a psicoterapia numa abordagem cognitivo-comportamental, que busca
melhorar as habilidades de resolução de problemas, de comunicação e controle de
impulso, e a psicoterapia familiar, que promove mudanças dentro do ambiente
doméstico, e visa melhorar também as habilidades de comunicação e as interações
familiares.
Quanto à medicação, embora
não seja considerada eficaz para o tratamento do TOD, pode ser usada quando
outros transtornos estiverem presentes, caso o especialista considere
conveniente.
Vale ressaltar que nem todo comportamento opositor e desafiador é um
transtorno, e algumas vezes os pais necessitam de ajuda para estabelecer
limites. Embora representem uma figura de autoridade para os filhos, não
significa que deverá desempenhar somente funções punitivas. Por isso, é
importante regras firmes e claras, mas flexíveis para permitir experimentação e
escolha, respeito e acolhimento para ouvir as demandas da criança, e liberdade
que permita o processo de crescimento e construção de individualidade.
Fonte: http://guiameubebe.com.br/artigos/157-tod-transtorno-desafiador-opositivo